domingo, 4 de abril de 2010

Rev. Sérgio Ribeiro Santos - Arrependimento para Vida-Parte 1

Arrependimento para Vida-Parte 1
por
Rev. Sérgio Ribeiro Santos


Introdução


A chamada ao arrependimento é uma nota marcante nas Escrituras Sagradas. Percebemos que os profetas incessantemente chamavam o povo que havia se distanciado de Deus ao arrependimento (Is. 1:18; Jr. 4:1; Os. 14:1; Jl. 2:12-13; Am. 4:8; Ml. 3:7). Quando João Batista apareceu pregando no deserto, a sua pregação também era uma chamada ao arrependimento (Mt. 3:2 e 8; Mc. 1:4; Lc. 3:3 e 8). Semelhantemente Jesus Cristo (Mt. 4:17; Mc. 1:15; Lc. 5:32) e posteriormente também os apóstolos (At. 2:38; 17:30; 26:19-20; 2 Pd. 3:9; Ap. 3:19). Destes exemplos concluímos que o arrependimento, tal como a fé, também é parte inseparável do processo da salvação. Porém, o que é arrependimento para a vida, conforme está expresso na nossa Confissão de Fé?

I – Arrependimento não é remorso.

Temos um exemplo clássico de alguém que se entristeceu profundamente com a sua atitude. Esse foi Judas. Ele estava consciente do seu pecado, por isso devolveu as trinta moedas de prata e foi enforcar-se (Mt. 27:3-5). Outro forte exemplo que temos é o de Esaú, que mesmo em lágrimas, não alcançou o verdadeiro arrependimento (Hb. 12:16-17), ainda que reconhecesse seu erro.
Apesar de serem tão comoventes estes relatos bíblicos, porque eles não são considerados como genuínos arrependimentos? A resposta é que a tristeza que eles sentiram foi muito mais por causa daquilo que eles perderam ou das consequências dos seus atos do que propriamente da consciência do pecado que desagrada e ofende a Deus, o nosso Criador e Senhor.
No Novo Testamento somos advertidos tanto por Jesus Cristo quanto nas cartas apostólicas de que haveria pessoas que demonstrariam apenas uma aparente conversão. A parábola do semeador fala-nos da semente que caiu em solo rochoso. Jesus nos explica: “...esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração ...” (Mt. 13:21). Estas pessoas são as mesmas mencionadas em Hebreus, que, mesmo participando das bênçãos dispensadas pelo Espírito Santo à sua igreja, não produzem frutos, mas somente espinhos (Hb. 6:4-8). Quanto a estes, o apóstolo João, afirma que o abandono da fé por parte deles só evidenciará que nunca fizeram parte daqueles que verdadeiramente foram salvos (1 Jo. 2:19). Esta realidade que também fez parte do ministério do apóstolo Paulo (1 Tm. 1:19-20; 2 Tm. 2:17-18; 4:10) Jesus a viu de forma abundante (Mt. 19:22; Jo. 6:66). Pode ser que tenhamos que conviver com muitos até a vinda de Cristo que nunca arrependeram-se verdadeiramente (Mt. 13:13:30), mas a verdade é que, quanto mais o Dia do Senhor se aproximar, mais evidente ficará aqueles que se arrependeram de fato daqueles que nunca foram realmente convertidos, pois muitos destes apostatarão da fé (2 Ts. 2:3), ou seja, abandonarão o conjunto de verdades expostas na Palavra de Deus, pois a fé salvífica eles nunca a possuíram.

II – O significado da palavra “arrependimento”


Arrependimento, no sentido que estamos estudando, significa mudança de mente, atitude, maneira de pensar, disposição, caráter, consciência moral ou voltar-se do pecado para Deus . Logo, em outras palavras, é como se Jesus dissesse: “ Vocês precisam mudar as suas mentes e corações , porque o reino de Deus é chegado” (Mt. 4:17). É importante também salientar que alguns estudiosos utilizam a palavra conversão referindo-se ao mesmo sentido.

III – Como o arrependimento é produzido

1 – Pela graça de Deus





O Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi entregue, disse que ele era a videira verdadeira e nós os ramos. Sem ele nada poderíamos fazer (Jo. 15:5). Arrependimento é fruto da operação do Espírito Santo em nossos corações (Jo. 16:8-11), logo é uma graça dada pelo próprio Deus, assim como aprendemos na carta de Paulo aos Efésios (Ef. 2:8-9).
Esta bênção, já anunciada no Antigo Testamento (Jr. 31:18; Ez. 11:19; 36:26; Zc. 12:10) vemos de maneira bem clara sendo cumprida no Novo Testamento (At. 5:31; 11:18; 2 Co. 7:10; 2 Tm. 2:25). Pelo fato desta graça ser uma bênção destinada exclusivamente aos eleitos de Deus (Jo. 6:44; 10:1-4, 14-16) é que ela não pode ser falsificada. Por isso a ênfase em que Deus é que conduz e concede o arrependimento e que ele conhece aqueles que lhe pertencem (2 Tm. 2:19). Um excelente exemplo da graça de Deus e que contrasta com aqueles que abandonam a fé é o ladrão da cruz, que evidenciou arrependimento em seu momento final.

2 – Através da pregação

Está escrito na Bíblia Sagrada que “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17). Porém, qual o genuíno conteúdo da pregação do evangelho, ou seja, qual a mensagem que deve estar presente na pregação do evangelho?
Um bom indicador é observarmos a forma como Jesus pregava. Lemos que Jesus partiu para a Galiléia, “pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc. 1:14-15). Mesmo após a sua ressurreição, quando ele expunha as Escrituras aos seus apóstolos ele enfatiza que um dos pontos centrais de toda a profecia era “que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc. 24:47). Esta ordem, levada a cabo pelos apóstolos, nos faz perceber como realmente ela direcionou o ministério apostólico. Paulo enfatiza de uma maneira bem clara como a chamada ao arrependimento era central na sua pregação (At. 20:20-21). Porém, a pergunta que podemos fazer é: porque a pregação é o meio pelo qual o arrependimento é produzido?

2.1 – A pregação expõe o homem à lei de Deus – Um dos objetivos da pregação do evangelho é expor o homem diante da lei de Deus e assim convencê-lo do seu pecado e da sua miséria espiritual (Rm. 3:20; 7:7). Somente diante do padrão moral estabelecido pelo próprio Deus, que é a sua lei, poderemos fazer uma autoavaliação e percebermos o quão distantes estamos dele e consequentemente, debaixo da sua ira e condenação (Rm. 1:18).

2.2 – A pregação expõe o homem à santidade de Deus – Outro objetivo da pregação, além de nos expor à lei de Deus e assim convencer-nos da nossa miséria espiritual, é também confrontar-nos com a santidade de Deus. A nossa convicção de pecado será proporcional a nossa convicção da santidade de Deus. Somente contemplando o ser de Deus é que faremos uma avaliação mais precisa a respeito da nossa própria situação. Percebemos esta verdade exposta em diversos exemplos da Bíblia: o povo de Israel na planície do Sinai (Ex. 20:18-21); Moisés (Ex. 33:17-23; 34:4-8); Manoá, pai de Sansão (Jz. 13:21-22); Jó (Jó:42:5-6); Isaías (Is. 6:5); Ezequiel (Ez. 1:26-28); Daniel (Dn. 8:26-27; 10:8-9); os discípulos diante da transfiguração de Jesus (Mt. 17:5-7); Pedro (Lc. 5:8); Saulo (At. 9:3-6) e João (Ap. 1:17-18). Diante destes exemplos, vemos que a maior necessidade que temos é o conhecimento de Deus (Os. 4:6 6:3 e 6), pois só através deste conhecimento teremos vida eterna (Jo. 17:3) e verdadeiramente conheceremos quem de fato somos nós, o que produzirá em nós a convicção de pecado e a necessidade de arrependimento.


Continua no próximo post... 

Obs: Irmãos, estou sem o nome do site de onde procede este texto, assim que o tiver estarei passando os créditos.


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