quinta-feira, 29 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

C. J. Mahaney - Combatendo o Legalismo com a Cruz

A doutrina da justificação deve ser constantemente reforçada e revisitada, como Martinho Lutero estava bem ciente. Seu duro conselho: “Bata com isso em suas cabeças de forma contínua.” Precisamos continuamente aplicar e valorizar a verdade da justificação em nossas vidas – diariamente. Se não o fizermos, vamos nos encontrar suscetíveis a um dos inimigos mais sutis e graves da Igreja: o legalismo.

Legalismo envolve tentar ganhar aceitação de Deus através de nossa própria obediência. Nós temos somente duas opções: ou receber a justiça como um dom dado por Deus ou tentar gerar a nossa própria justiça. O legalismo é a tentativa de ser justificado através de alguma outra fonte que não seja Jesus Cristo e sua obra terminada.

Aderir ao legalismo é acreditar que a cruz era desnecessária ou insuficiente (Gl 2:21; 5:2). Se você tem sido legalista, essa é uma interpretação precisa da sua motivação e de suas ações, mesmo se você ainda concorda mentalmente com a necessidade do sacrifício de Cristo. Em nossa busca legítima por obediência e maturidade, o legalismo lentamente e sutilmente toma conta de nós, e nós começamos a substituir as nossas obras pelo trabalho acabado de Jesus. O resultado é ou arrogância ou condenação. Em vez de crescer na graça, abandonamos a graça. Essa foi a avaliação que Paulo fez da igreja da Galácia, quando escreveu: “Vocês que estão tentando ser justificado pela lei foram alienados de Cristo, vocês têm caído da graça” (Gl 5:4).

Se você já tentou viver dessa forma, você já deve ter aprendido que legalismo é tão fútil quanto frustrante. Toda tentativa legalista de se auto-justificar inevitavelmente termina em fracasso. No decurso dos anos, aprendi a reconhecer alguns sinais característicos da presença do legalismo. Aqui vão alguns deles:

• Você é mais consciente dos seus pecados do passado do que é consiente da pessoa e da obra acabada de Cristo.

• Você vive pensando, acreditando e sentindo que Deus está desapontado com você em vez de se alegrando em você.

• Você acha que a aceitação de Deus a você depende da sua obediência.

• Falta alegria em você. (Esse é geralmente um indicativo da presença do legalismo. Condenação é o que acontece quando pesamos nossa deficiência; Alegria é o que acontece quando consideramos a suficiência de Cristo.)

Você tem sido ludibriado pela súbita presença do legalismo? Se sim, cuidado. Ele tende a se espalhar em vez de permanecer restrito (Gl 5:9 diz: “Um pouco de fermento leveda toda a massa”). O legalismo deve ser removido.

A única forma eficaz de se desarraigar o legalismo é com a doutrina da justificação. Se você tem negligenciado ou ignorado essa doutrina, então tome alguma atitude drástica para mudar. Tire tempo dia-a-dia para revisar, reler e se alegrar nessa verdade maravilhosa e objetiva. Restrinja sua dieta espiritual ao estudo da justificação até que você tenha certeza da aceitação de Deus, segurança no seu amor e libertação do legalismo e da condenação.

A crucificação de Jesus Cristo foi o acontecimento mais decisivo da história. Sinclair Ferguson precisamente declarou o seguinte:

“A Cruz é o coração do evangelho. Ela faz o evangelho ser boa notícia: Cristo morreu por nós. Ele permaneceu no nosso lugar diante do juízo de Deus. Ele suportou os nossos pecados. Deus fez algo na Cruz que nunca poderíamos fazer por nós mesmos. [...] A razão por que nos falta segurança na sua graça é porque deixamos de focar o local onde ele no-la revelou”.

Onde você vai focar a sua atenção? Nos seus pecados do passado, no seu estado emocional atual, nas áreas de seu caráter em que você ainda precisa crescer? Ou você vai centrar-se na obra consumada de Cristo? O legalismo não precisa motivá-lo. Condenação não precisa atormentar você. Deus já justificou você.



Traduzido por Gustavo Vilela - iPródigo

Texto extraído do livro This Great Salvation


sábado, 17 de abril de 2010

A História De Zac Smith

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Como nosso Deus é bom! Proveu para si um povo que entrega a Ele: adoração, louvor, mão santas, arrependimento de um coração e lábios sinceros....e também suas vidas. 


Como é possível que alguém como nós (homens consumista, egoísta, mau, violentos) possa dar e entregar à um Deus invisível a sua própria vida e ainda dizer: "A Deus seja a Glória!"
Somente é possível por meio de uma misericórdia imensa, de um amor incondicional, de uma graça sem precedentes que nos atingiu por meio de Jesus.

Que esse vídeo seja uma benção na sua vida assim como foi na minha...

Deus seja louvado eternamente...Amém!

Fonte: iprodigo

terça-feira, 13 de abril de 2010

C.J. Mahaney - Sabedoria para a Vida - Humildade: Verdadeira Grandeza

Por J.C Mahaney
A AMBIÇÃO QUE TEMOS DE NOSSOS FILHOS

Se você é pai ou mãe, peço-lhe que considere cuidadosamente a influência que tem sobre seus filhos e a sua responsabilidade para com eles. Que ambições você tem a respeito deles? Quase todos os pais têm este sentimento, entretanto, quantos nutrem ambições bíblicas para seus filhos?
As suas ambições para seu filho ou sua filha incluem uma certa vocação ou determinado nível de educação? Uma graduação numa determinada faculdade? Reconhecimento profissional, atlético ou artístico? Se este é o caso, permita-me fazer a seguinte indagação: Alguma destas ambições está de acordo com a verdadeira grandeza da forma como ela é definida nas Escrituras?
E uma pergunta ainda mais importante: Na sua opinião, algumas das coisas que você deseja para seus filhos é mais importante do que o cultivo deles da humildade e do serviço aos outros – a base da verdadeira grandeza, conforme é descrita na Bíblia? Algumas de suas ambições para eles é mais importante para você do que eles aprenderem a servir aos outros para a glória de Deus? Em outras palavras, você está mais interessado em reconhecimento temporal para seu filho do que na recompensa eterna que ele pode ter?
No fim das contas, ser pai ou mãe, na maior parte do tempo é isto – é preparar os filhos para o dia final. Ser pai ou mãe é uma preparação para aquele dia, quando seu filho estará diante do tribunal de Cristo e prestará contas.

SENDO UM EXEMPLO PARA NOSSOS FILHOS

Sendo um pai que também é um colega pecador, deixe-me explorar com você o que significa aceitar a verdadeira grandeza como nossa ambição para nossos filhos. Para ajudar seu filho a se tornar verdadeiramente grande aos olhos de Deus, eis algumas recomendações – não é uma lista completa, mas espero que seja útil para você.
Em primeiro lugar, os pais devem ser um exemplo de grandeza para seus filhos. O exemplo precede o ensino. Não podemos ensinar ou treinar nossos filhos sem oferecer um padrão, ou um modelo para eles seguirem. Não estou dizendo que devemos ser infalíveis, não se trata de perfeição. Estou falando simplesmente da presença da graça em nossa vida, demonstrada regularmente através do serviço aos outros para a glória de Deus.
De fato, o ensino eficiente envolve explicar aos nossos filhos aquilo que eles já observam em nossa vida. Nunca devemos separar a instrução bíblica do exemplo pessoal.
Se você quer adotar esta ambição para seus filhos – a verdadeira grandeza aos olhos de Deus – é preciso começar pelo exame de sua própria vida e perguntar a si mesmo: Para meus filhos, sou um exemplo da verdadeira grandeza, conforme ela é definida nas Escrituras? 

DEFININDO A VERDADEIRA GRANDEZA PARA NOSSOS FILHOS

Em segundo lugar, também devemos definir a verdadeira grandeza para nossos filhos de forma clara. Os seus filhos entendem a definição bíblica da verdadeira grandeza como Jesus explica em Marcos 10, e do modo como a vemos ser ensinada em outras passagens das Escrituras?
Um exercício que merece a nossa dedicação é o seguinte: Peça que seus filhos lhe digam o que significa a verdadeira grandeza. Nesta interação com eles você descobrirá se eles têm um entendimento bíblico da grandeza, e se não tiverem, você precisa defini-la para eles. Precisa ensinar-lhes que a grandeza não equivale ao sucesso, ao talento, à habilidade, ao poder ou ao aplauso. Ela equivale a servir aos outros. Isto é sinônimo de humildade.
Algo mais para pensar: Como o seu filho ou a sua filha responderiam se outro adulto lhes perguntasse: “Quem seus pais admiram mais e por quê?” Se não estiver certo da resposta, faça você mesmo a pergunta.

ENSINANDO NOSSOS FILHOS A ADMIRAR A VERDADEIRA GRANDEZA

Em terceiro lugar, devemos ensinar nossos filhos a discernir e admirar a verdadeira grandeza. Veja outra pergunta para nossos filhos: “Quem vocês admiram e por quê?” A resposta deles dirá muito.
Nossa cultura celebra todos os dias aqueles que claramente não são grandes aos olhos de Deus. E até certo ponto, nossos filhos não escapam da influência do mundo. Entretanto, eles possuem habilidade para enxergar através desta propaganda enganosa? São capazes de desvia sua atenção destes falsos heróis e admirar aqueles que são verdadeiramente grandes, segundo a definição bíblica?
Eu poderia indicar de várias maneiras de nossa cultura bajular e glorificar os que não merecem – especialmente na ampla categoria do entretenimento que inclui atores, atletas e músicos profissionais. No que se refere à admiração e ao desejo de se igualarem a estas celebridades, os seus filhos estão sendo, sutil e lentamente, conformados a este mundo?
Recomendo que você não elogie qualquer coisa com mais intensidade do que elogia o caráter piedoso de seu filho. Aconselho e encorajo meu filho a buscar realizações acadêmicas e prêmios atléticos. Porém, nos alegramos com real celebração, em nossa casa, somente quando há uma demonstração de humildade, de caráter piedoso, ou quando ele serve aos outros.
O que deixa você mais empolgado a respeito de seus filhos? O que você elogia neles? Quando você os elogia publicamente? Certifiquemo-nos de que nossos elogios sejam fundamentados na teologia bíblica. Certifiquemo-nos de que estamos enfatizando o que realmente importa aos olhos de Deus. Certifiquemo-nos de que reservamos o verdadeiro louvor àquilo que é grande aos olhos de Deus.


Editora Fiel  - fonte: iprodigo

Se o Mundo não tem Nada a Dizer Contra Ti...

Por Billy Graham

Os cristãos devem ser uma influência estranha, um grupo minoritário num mundo pagão. Se a igreja é aceitável à era atual e não está criando confusão ou sofrendo críticas, então não é a verdadeira igreja que o nosso Senhor fundou. Somos a "luz do mundo" – e a luz revela ou mostra as coisas. Se estamos em paz com este mundo, é porque nos vendemos a ele ou então fizemos um acordo com ele.



Moody falou certa vez: "Se o mundo não tem nada a dizer contra ti, cuidado para que Jesus Cristo não tenha nada para dizer a teu favor."



O maior testemunho para este mundo de trevas de hoje seria um bando de homens e mulheres crucificados e ressuscitados, mortos para o pecado e vivos para Deus, suportando em seus corpos "as marcas do Senhor Jesus".



FONTE: Livro A Segunda Vinda de Cristo: Perspectiva do Sofrimento, editora Record

Nota: Não conhecemos a vida de Billy Graham a fundo, porém a citação foi colocada aqui por ser considerada válida. att: chamadaaoarrependimento.blogspot.com

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tullian Tchividjian - Evangelhos Falsificados

Evangelhos Falsificados

 Por Tullian Tchividjian

Aproveitando a visita de Paul Tripp à Igreja Coral Ridge neste final de semana, voltei a muitos dos meus livros escritos por ele – Paul é uma grande dádiva à igreja!
Em um dos seus livros (coescrito com Tim Lane), How People Change [Como as Pessoas Mudam], ele identifica sete evangelhos falsos – caminhos “religiosos” que usamos para nos “justificar” ou “salvar” à parte do Evangelho da graça. Considerei isso incrivelmente útil. Ao redor de qual (ou quais) você tende a orbitar?
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Formalismo. “Eu participo dos encontros regulares e dos ministérios da igreja, assim sinto-me como se minha vida estivesse sob controle. Estou sempre na igreja, mas isso realmente tem pouco impacto em meu coração ou sobre como vivo. Posso me tornar julgativo e impaciente com aqueles que não têm o mesmo compromisso que eu”.
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Legalismo. “Eu vivo pelas regras – regras que criei para mim mesmo e regras que criei para os outros. Sinto-me bem se posso guardar minhas próprias regras, e me torno arrogante e cheio de desdém quando os outros não alcançam os padrões que coloquei para eles. Não há alegria em minha vida porque não há graça a ser celebrada”.
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Misticismo. “Eu estou envolvido em uma busca incessante por uma experiência emocional com Deus. Vivo para os momentos em que me sinto próximo dele, e frequentemente luto contra o desânimo quando não me sinto dessa maneira. Posso também mudar de igreja frequentemente, buscando aquela que me dará aquilo que procuro”.
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Ativismo. “Reconheço a natureza missional do Cristianismo e estou apaixonadamente envolvido em consertar esse mundo destruído. Mas, no fim do dia, minha vida é mais uma defesa do que é certo que uma busca alegre por Cristo”.
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Biblicismo. “Eu conheço a Bíblia do começo ao fim, mas não permito que ela me domine. Reduzi o Evangelho à proficiência do conteúdo e teologia bíblicos, portanto sou intolerante com aqueles que têm menos conhecimento”.
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Terapismo. “Falo muito sobre as pessoas feridas em minha congregação, e como Cristo é a resposta para suas dores. Porém, mesmo sem perceber, eu fiz de Cristo mais Terapeuta que Salvador. Eu vejo as feridas como um problema maior que o pecado – e, sutilmente, mudo minha maior necessidade – da minha falência moral para minhas necessidades não satisfeitas”.
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Social-ismo. “A comunhão e amizades profundas que encontro na igreja se tornaram meu ídolo. O corpo de Cristo substituiu o próprio Cristo, e o Evangelho é reduzido a uma rede de relacionamentos cristãos satisfatórios”.
Como disse há duas semanas em meu sermão, existem ídolos fora da igreja e existem ídolos dentro da igreja. São os ídolos dentro da igreja que devem preocupar mais os cristãos. É mais fácil para os cristãos identificar ídolos mundanos como dinheiro, poder, ambição egoísta, sexo, e por aí vai. São os ídolos dentro da igreja que nos trarão dificuldade para identificar.
Por exemplo, sabemos que é errado se prostrar diante do deus do poder – mas também é errado se prostrar diante do deus das preferências. Sabemos que é errado adorar a imoralidade – mas também é errado adorar a moralidade. Sabemos que é errado procurar liberdade ao quebrar  as regras – mas também é errado procurar liberdade ao guardá-las. Sabemos que Deus odeia a injustiça – mas ele também odeia a justiça própria. Sabemos que crime é um pecado – mas controle também é. Se as pessoas de fora da igreja tentam salvar-se sendo más, as pessoas dentro da igreja tentam salvar-se sendo boas.
A boa notícia do Evangelho é que, tanto fora como dentro da igreja, há somente um Único Salvador e Senhor, chamado Jesus. E ele veio, não para nos privar furiosamente de nossa liberdade, mas para amorosamente nos tirar da nossa escravidão a coisas menores, de maneira que possamos verdadeiramente nos tornar livres!


Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Texto original aqui

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Paul Washer : Legalismo vs Bem Aventuranças (Sal da terra)



Paul Washer mais uma vez nos coloca um dilema:"Todo mundo quer fazer algo, quando deveríamos querer ser algo.
Neste sentido nos faz refletir sobre o verdadeiro fundamento de sermos o sal da terra. 
Na verdade, não Paul washer, mas Deus, pela sua graça, pela sua palavra, pelo seu Espírito, utiliza a vida de Paul washer para nos abençoar com o mais doce e profundo conhecimento da vida com Cristo. Nosso Deus Reina, nosso Deus vive, Glória ao nome da sua Glória, Amém!

Deus abençoe a sua vida e bom vídeo.

Rev. Sérgio Ribeiro Santos - A Perseverança dos Santos

A Perseverança dos Santos
por
Reverendo Sérgio Ribeiro Santos



Introdução
Normalmente uma pergunta é feita no meio cristão: Pode o crente perder a sua salvação no meio do caminho ou, uma vez salvo, salvo para sempre? Geralmente, os que contestam uma resposta negativa a esta pergunta, argumentam: Bom, se o crente não perde a salvação, significa que ele pode fazer o que quiser e pecar a vontade!
Este foi um dos questionamentos que Paulo respondeu quando escreveu à igreja em Roma. A pergunta era: “Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei e sim da graça? (Rm. 6:15). A resposta foi um enfático NÃO! Paulo rejeitou de longe esta hipótese.
De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos ? (...) considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (...) De modo nenhum (...) Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna.” (Rm. 6:2, 11, 15 e 22)
Podemos comparar esta doutrina a uma longa viagem de carro. Ao estudarmos o roteiro, escolheremos o caminho que mais nos parece seguro. Procuraremos um que tenha postos de gasolina, hotéis, restaurantes, oficinas e postos policiais. Tudo isto porque buscamos segurança e garantia de que chegaremos ao destino final, ainda que haja dificuldades no percurso. Contudo, todas estas garantias não nos isenta de dirigirmos com prudência e responsabilidade, fazermos uma boa inspeção no veículo antes de viajarmos e estarmos com toda a documentação em dia.
Semelhantemente é a doutrina da perseverança dos santos. Ela nos dá garantia de uma viagem segura e nos garante a chegada ao destino final. Porém, longe de nos incitar a irresponsabilidade, ela é um motivo a mais para nos dedicarmos a consagração e a fidelidade. Ela é um dos motivo para corrermos com dedicação a carreira cristã, mesmo em meio à todas as dificuldades que surgirem no trajeto. Por causa desta sublime doutrina, podemos dizer como o apóstolo Paulo: “... porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (1 Tm. 1:12b).


I – A perseverança dos santos e seu significado.
Não podemos alimentar falsas formulações a respeito desta doutrina. Ela não significa que todo aquele que freqüenta a igreja, que todo aquele que é batizado ou fez sua profissão de fé, ou mesmo que todo aquele que aos nossos olhos pareça crente, perseverará até ao fim.
No nosso Catecismo Maior temos uma boa definição do que vêm a ser a perseverança dos santos e porque ela ocorre: “Poderão os verdadeiros crentes cair do estado de graça, em razão de suas imperfeições e das muitas tentações e pecados que os assaltam? (Pergunta 79) Resposta: Os crentes verdadeiros, em razão do amor imutável de Deus, e do seu decreto e pacto de lhes dar a perseverança, da união inseparável entre eles e Cristo, da contínua intercessão de Cristo por eles, e do Espírito Santo e da semente de Deus habitando neles, jamais poderão, total ou finalmente, cair do estado de graça, mas são conservados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação.
Estudemos esta declaração pormenorizadamente:


1 – Realidade para os verdadeiros crentes
Como já afirmamos anteriormente, esta é uma doutrina que diz respeito àqueles que são verdadeiramente crentes, os escolhidos de Deus (Ef. 1:3-4), ou seja, os que nasceram de novo (Jo. 3:3) ou foram regenerados (1 Pd. 1:3).
Para estes há a promessa e a esperança de serem confirmados até ao fim (1 Co. 1:8). Na vida dos seus filhos o Senhor completará, até o Dia de Cristo Jesus, a obra que ele iniciou (Fp. 1:6), guardando-os íntegros e santificados (1 Ts. 5:23-24).


2 – Impossibilidade de cair do estado de graça
Esta é uma afirmação que encontramos em diversas partes da Escritura Sagrada: os verdadeiros crentes jamais cairão da graça ou perderão a sua condição de salvos. Vejamos alguns textos:
“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (João 5:24)
O ponto que precisamos observar aqui é que aquele que crê em Jesus como o seu salvador tem a vida eterna e passou da morte para a vida. Jesus prometeu vida eterna a todos aqueles que o Pai lhe havia dado (Jo. 17:2), aliás ele tornou-se o Autor da Salvação eterna (Hb. 5:9). Logo, a pergunta que temos que fazer é: uma vida que se ganha e depois se perde, ganha-se de novo com o risco de se perdê-la novamente, é vida eterna? É possível também imaginarmos um Cristo que dá a vida eterna e depois a toma? Logicamente que não. Quanto a este assunto, a Bíblia é muito clara: “... os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm. 11:29).
Há outro texto muito esclarecedor no evangelho de João.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.” (João 10:27-29)
Neste texto, Jesus demonstra o íntimo relacionamento que há entre ele e as suas ovelhas e como elas o conhecem e o seguem. Para estas há uma proteção especial e a certeza da segurança eterna.
Elas recebem a vida eterna e a certeza de que jamais perecerão. Ou seja, elas podem seguir confiantes o seu mestre, independente do caminho pelo qual elas venham a ser conduzidas e das lutas que venham a enfrentar. Elas sempre terão a certeza de que chegarão salvas a seu destino final e de que nenhuma delas ficará perdida ou esquecida pelo caminho (Mt. 18:12-14).
Podemos perceber que durante todo o processo, sempre haverá uma dupla proteção: as ovelhas de Cristo são protegidas pelas suas mãos e pelas mãos do Pai . Isto porque somos o bem mais precioso que o Pai concedeu a Jesus Cristo. Por isso, nada temos que temer. O cuidado do qual somos objetos é tão grande que nos impede até mesmo de pularmos dos braços do Pai. Podemos comparar esta proteção ao cuidado que uma mãe tem ao segurar seu filho, ou melhor, um cuidado superior ao cuidado maternal (Sl. 27:10; Is. 49:15). Há ainda uma referência que não pode ser omitida.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1 Pedro 1:3-5)
Neste texto, o apóstolo Pedro começa bendizendo. Mas, por quais motivos ele está louvando a Deus? Ele está louvando a Deus porque fomos regenerados por causa da sua muita misericórdia. Porém, o escritor não para por aqui. Ele continua dando os propósitos para os quais fomos regenerados. São eles:  
1 – Para uma viva esperança (v. 3) – Esta esperança é a esperança da ressurreição final, garantida através da ressurreição de Jesus Cristo.
2 – Para uma herança incorruptível (v. 4) – Esta herança incorruptível é a nossa habitação no novos céus e terra, é a nossa pátria celestial.
3 – Para a salvação (v. 5) – Esta salvação é a redenção final que será manifestada quando Jesus Cristo retornar.
Porém, seria interessante observarmos os versos 4 e 5. Eles nos dizem que os salvos tem uma herança. Em termos humanos, por mais garantia que nos dêem, não temos total proteção dos nossos bens ou de uma possível herança. Se o nosso banco falir, por mais dinheiro que tenhamos nele, dificilmente recuperaremos alguma coisa. No entanto, quanto a herança celestial, podemos ter a certeza que ninguém se apropriará dela. Ninguém poderá roubar aquilo que Deus nos tem preparado (Mt. 6:19-20; 2 Tm. 1:12b), pois é ele mesmo quem a guarda.
Agora, que garantia temos nós de que estaremos lá para receber esta herança. Em muitos casos os herdeiros morrem antes mesmo do doador. Estes não recebem a sua parte. Felizmente este não é o nosso caso. O próprio Deus é quem também nos guarda pelo seu poder para a herança que ele mesmo já nos preparou (v. 5). Isto nos dá a garantia de que estaremos lá para recebê-la. Logo, tanto a herança quanto os crentes estão guardados pelo poder de Deus.
Estas são apenas algumas referências que nos dão a certeza de que seremos guardados pelo próprio Deus para aquilo que ele nos tem preparado. A verdade de que os verdadeiros crentes jamais cairão do estado de graça é a certeza de que ele perseverará até ao fim.


II – A perseverança dos santos e sua garantia
A Bíblia é muito clara em nos ensinar a perseverança. Porém, esta importante doutrina não está desconexa de outras doutrinas também claramente ensinadas nas Escrituras. Aliás, ela é de certa forma uma decorrência de outros ensinamentos, da mesma forma preciosos e confortadores. Vejamos, então, quais são as garantias que temos de que os verdadeiros crentes perseverarão até o fim.

1 – É garantida pelo decreto da eleição
De uma forma muito clara, a Bíblia nos fala dos decretos de Deus (Sl. 2:7; 105:10; 119:16; Pv. 19:21; Is. 23:9; At. 2:23; 13:36) e em especial ela nos fala da soberana eleição (Mt. 20:16; 22:14; 24:22, 31; Mc. 13:20, 27; Lc. 18:7; Rm. 8:29-30; 9:14-24; Ef. 1:3-14; 2 Ts. 2:13; 2 Tm. 1:9; Tg. 2:5). Porém, queremos atentar apenas para alguns textos que além de nos confirmar a salvação como um dom de Deus, ensina-nos que todo o processo da salvação até o dia de Jesus Cristo será concretizado pela graça de Deus. A lógica é, se Deus nos escolheu e nos chamou, consequentemente ele também não nos deixará perecer no caminho.
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Romanos 8:29-30)
Neste texto fica bem claro que o Senhor não somente nos predestinou e nos salvou para sermos semelhantes a Jesus Cristo, como também fomos justificados e glorificados. Isto é, Deus não salva e abandona os seus filhos no meio do caminho. Mais a frente, Paulo continua:
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente como ele todas as coisas?” (Romanos 8:32).
A verdade aqui é, se o mais difícil, que era a nossa salvação, foi providenciado através da morte de Jesus Cristo, Deus não fará aquilo que nos falta para nos conduzir em segurança até o dia da vinda do seu Filho? Logo, se Deus, desde a eternidade resolveu que iria salvar pecadores, consequentemente, ele providenciaria todos os meios para que os seus filhos permanecessem nos seus caminhos até o fim.
 
2 – É uma obra da trindade
É importante também enfatizarmos aqui que a perseverança dos santos é resultado da obra da Trindade. A Trindade Santa, sempre trabalhou junta. O pacto da redenção, a criação, a salvação, o ministério de Jesus, a condução da igreja e tudo o mais, sempre foi resultado do trabalho da Trindade. Semelhante, a perseverança dos santos também é fruto do trabalho da Trindade.
2.1 – O amor do Pai – São inúmeras as referências a respeito do amor do Pai. Por causa deste amor eterno e poderoso é que temos a confiança de que estamos guardados. Temos a garantia de que ele nunca nos abandonará e nos livrará de qualquer situação ou criatura que tente nos arrebatar dos seus braços (Is. 54:10; Jr. 31:3; Jo. 3:16; Rm. 8:37-39; Ef. 1:4-5; 2 Ts. 3:3-5)
2.2 – A mediação do Filho – O outro trabalho que nos dá a certeza e a convicção de que perseveraremos até o fim é a mediação de Jesus Cristo. Ele é o nosso sumo sacerdote que se compadece das nossas fraquezas e que constantemente intercede por nós, apresentando o seu sacrifício em nosso lugar (Lc. 22:32; Rm. 8:35-39; Hb. 6:18; 7:25; 9:12-15; 10:10, 14). Ele intercede por nós suplicando a nossa santificação (Jo. 17:17); que estejamos para sempre com ele a fim de que vejamos a sua glória (Jo. 17:24); para que o nosso trabalho seja aceito pelo Pai (1 Pd. 2:5) e pelo nosso perdão (1 Jo. 2:1). A maior garantia que temos é que Jesus mesmo disse que o Pai sempre o ouvia (Jo. 11:41-42).
2.3 – O selo do Espírito Santo – A outra garantia que temos de que os verdadeiros crentes perseverarão até o fim é o selo do Espírito Santo. Não que o Espírito Santo coloque um selo naqueles que crêem em Jesus, mas que ele mesmo passa a habitar no crente e passa a ser o seu selo. O selo tem por objetivo garantir a inviolabilidade e assegurar que mercadoria ou a carta chegará no seu destino final. Assim, o Espírito Santo em nós (Jo. 14:16-17; Ef. 1:13-14; 4:30; 1 Jo. 3:9).


3 – É confirmada pelo pacto da graça
Além do trabalho da Trindade a nosso favor, temos ainda a segurança garantida pelo pacto da graça. Sabemos que o Senhor se relaciona conosco através de um pacto e que Cristo Jesus é o mediador e o fiador deste pacto (Is. 42:6; 49:8; 1 Tm. 2:5; Hb. 7:22; 8:6; 9:15; 12:24). A Bíblia também nos ensina que Deus permanece fiel aquilo que prometeu (2 Tm. 2:13), que não mente (Nm. 23:19; Hb. 6:17-18) e que é imutável (Tg. 1:17). Logo, se ele fez um pacto conosco, ele jamais violará este pacto (Jr. 32:38-41; Hb. 8:10-12). E mesmo para as nossas transgressões, o Pai providenciou um substituto, para que suportasse no nosso lugar as consequências da quebra deste pacto (Is. 53:4-6). Se necessário for, seremos disciplinados pelo Pai por causa da nossa rebeldia (Sl. 89:28-36; Hb. 12:4-10), contudo, ele jamais violará a sua aliança.


III – A perseverança dos santos e o pecado
A esta altura é importante salientar que esta doutrina não significa ausência de lutas na vida cristã e a abolição por completo da responsabilidade pessoal que cada um tem diante de Deus. Temos a convicção que há uma luta ferrenha contra a carne, o mundo e o diabo. A vida cristã é uma batalha diária contra as forças do mal, contra a nossa natureza pecaminosa e contra o mundo que nos rodeia.
Porém, o que esta doutrina nos ensina, é que apesar de todas estas lutas, temos a garantia da vitória. Não por causa das nossas próprias forças, mas porque o Senhor que nos manda ser fiéis até a morte e perseverar até o fim, ele também nos dá os meios para cumpramos os seus mandamentos. Esta doutrina nos auxilia e nos estimula na nossa caminhada cristã, sabendo que podemos lutar dia após dia, que o inimigo não será vitorioso na nossa vida e que se Deus é por nós, quem será contra nós.
1 – Não impede o salvo de ser tentado
Algo que devemos ter em mente é que o crente continua sujeito às tentações. Temos exemplos notáveis na Bíblia de homens de Deus que, por não vigiarem, sucumbiram diante das tentações (2 Sm. 12:9, 13; Mt. 26:70, 72, 74). Esta doutrina não isenta o salvo de ser tentado e também de pecar. Por isso há inúmeras advertências na Bíblia para vigiarmos e orarmos. Somos orientados a fugir do pecado, não dar ocasião a carne, resistir ao diabo e não sermos amigos do mundo.
2 – Não impede as consequências do pecado
Da mesma forma como ainda estamos sujeitos à tentação e ao pecado, também estamos sujeitos às consequências do pecado. Não é o fato de sermos salvos que nos impedirá de colhermos aquilo que plantamos.
2.1 – O desagrado de Deus – Não é o por sermos filhos de Deus que levará o nosso Pai a fazer “vistas grossas” ao nosso pecado. Ele se desagrada quando o desobedecemos (2 Sm. 11:27; Is. 64:5-9). Não é porque ele é nosso Pai que as nossas ofensas e pecados passam a ser irrelevantes e insignificantes para ele.
2.2 – O entristecimento do Espírito Santo – Outra consequência das nossas práticas pecaminosas é o entristecimento do Espírito Santo (Ef. 4:30). A terceira pessoa da Trindade é um ser pessoal, com sentimentos e vontade própria. Se nós nos entristecemos quando somos ofendidos ou agredidos, o Espírito Santo também.
2.3 – Privação da graça e conforto divinos – O Senhor não revoga a aliança que ele fez conosco. Porém, o nosso pecado nos priva da alegria da salvação, da comunhão com Deus e do conforto divino. Não deixamos de ser filhos, porém temos o relacionamento prejudicado e isto por causa dos nossos pecados (Sl. 51:8, 10, 12).
2.4 – O sofrimento – Tudo aquilo que plantamos, colhemos. Os nossos pecados não somente entristecem a Deus como também nos trazem sofrimento. Nem todo o sofrimento é fruto do pecado, mas todo pecado nos traz em alguma medida o sofrimento. O pior é que nem sempre somos nós os únicos a sofrerem por causa do nosso pecado. Outros também acabam sendo atingidos, o que torna o pecado ainda mais hediondo (Sl. 32:3-4; 51:8).
2.5 – O escândalo – Outro problema decorrente do pecado é o escândalo que ele provoca (2 Sm. 12:14). Escandalizamos não somente os nossos irmãos, mas damos ocasião a que os ímpios também blasfemem o nome do evangelho. Isto é algo muito sério diante de Deus.
2.6 – Os juízos temporários – Todo o verdadeiro crente não entrará em juízo, pois Cristo já pagou por todos os nossos pecados. Contudo, isto não significa que não seremos sujeitos à disciplina de Deus. Como Pai, ele nos conduz ao caminho da santificação e para isto, se necessário ele nos disciplinará. Isto é o que chamamos de juízos temporários (2 Sm. 12:10, 14-15; Sl. 89:30-33; Hb. 12:3-13).


Conclusão
Esta é uma das doutrina pilares da fé cristã. Ela nos encoraja para a luta cristã, que nos mostra que o sacrifício de Cristo não foi em vão e que nos conduz a humildade. Através dela descobrimos que todo o mérito é de Cristo Jesus e não nosso. O Senhor nos conclama a perseverarmos até o fim e ele nos dá os meios para isto. Podemos nos fortalecer através da leitura da Bíblia, da oração, da comunhão com nossos irmãos e da santificação.
Outra conclusão a que chegamos, é que nunca estaremos sozinhos. Quando nos sentirmos tão fracos, achando que a nossa oração não passará do teto, temos a segurança e a certeza de que estamos seguros no braço do Pai, que ele sempre está pronto para nos perdoar e nos receber. Uma grande verdade também que aprendemos através do estudo desta doutrina, é que toda a nossa salvação é fruto da maravilhosa graça de Deus. Não há espaço para arrogância, presunção ou vaidade.
Quanto aqueles que pareciam tão bem e hoje estão longe dos caminhos de Deus, resta-nos suplicar a misericórdia de Deus sobre a vida deles. Se eles forem verdadeiramente crentes, no tempo de Deus, voltarão. Cabe a nós, a cada dia, suplicarmos por nossa própria vida. Diante de tudo isto, só nos resta dizer:
“... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12:1-2).


Texto: Reverendo Sérgio Ribeiro Santos
WebSite: www.monergismo.com 

domingo, 4 de abril de 2010

Rev. Sérgio Ribeiro Santos - Arrependimento para Vida-Parte 1

Arrependimento para Vida-Parte 1
por
Rev. Sérgio Ribeiro Santos


Introdução


A chamada ao arrependimento é uma nota marcante nas Escrituras Sagradas. Percebemos que os profetas incessantemente chamavam o povo que havia se distanciado de Deus ao arrependimento (Is. 1:18; Jr. 4:1; Os. 14:1; Jl. 2:12-13; Am. 4:8; Ml. 3:7). Quando João Batista apareceu pregando no deserto, a sua pregação também era uma chamada ao arrependimento (Mt. 3:2 e 8; Mc. 1:4; Lc. 3:3 e 8). Semelhantemente Jesus Cristo (Mt. 4:17; Mc. 1:15; Lc. 5:32) e posteriormente também os apóstolos (At. 2:38; 17:30; 26:19-20; 2 Pd. 3:9; Ap. 3:19). Destes exemplos concluímos que o arrependimento, tal como a fé, também é parte inseparável do processo da salvação. Porém, o que é arrependimento para a vida, conforme está expresso na nossa Confissão de Fé?

I – Arrependimento não é remorso.

Temos um exemplo clássico de alguém que se entristeceu profundamente com a sua atitude. Esse foi Judas. Ele estava consciente do seu pecado, por isso devolveu as trinta moedas de prata e foi enforcar-se (Mt. 27:3-5). Outro forte exemplo que temos é o de Esaú, que mesmo em lágrimas, não alcançou o verdadeiro arrependimento (Hb. 12:16-17), ainda que reconhecesse seu erro.
Apesar de serem tão comoventes estes relatos bíblicos, porque eles não são considerados como genuínos arrependimentos? A resposta é que a tristeza que eles sentiram foi muito mais por causa daquilo que eles perderam ou das consequências dos seus atos do que propriamente da consciência do pecado que desagrada e ofende a Deus, o nosso Criador e Senhor.
No Novo Testamento somos advertidos tanto por Jesus Cristo quanto nas cartas apostólicas de que haveria pessoas que demonstrariam apenas uma aparente conversão. A parábola do semeador fala-nos da semente que caiu em solo rochoso. Jesus nos explica: “...esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração ...” (Mt. 13:21). Estas pessoas são as mesmas mencionadas em Hebreus, que, mesmo participando das bênçãos dispensadas pelo Espírito Santo à sua igreja, não produzem frutos, mas somente espinhos (Hb. 6:4-8). Quanto a estes, o apóstolo João, afirma que o abandono da fé por parte deles só evidenciará que nunca fizeram parte daqueles que verdadeiramente foram salvos (1 Jo. 2:19). Esta realidade que também fez parte do ministério do apóstolo Paulo (1 Tm. 1:19-20; 2 Tm. 2:17-18; 4:10) Jesus a viu de forma abundante (Mt. 19:22; Jo. 6:66). Pode ser que tenhamos que conviver com muitos até a vinda de Cristo que nunca arrependeram-se verdadeiramente (Mt. 13:13:30), mas a verdade é que, quanto mais o Dia do Senhor se aproximar, mais evidente ficará aqueles que se arrependeram de fato daqueles que nunca foram realmente convertidos, pois muitos destes apostatarão da fé (2 Ts. 2:3), ou seja, abandonarão o conjunto de verdades expostas na Palavra de Deus, pois a fé salvífica eles nunca a possuíram.

II – O significado da palavra “arrependimento”


Arrependimento, no sentido que estamos estudando, significa mudança de mente, atitude, maneira de pensar, disposição, caráter, consciência moral ou voltar-se do pecado para Deus . Logo, em outras palavras, é como se Jesus dissesse: “ Vocês precisam mudar as suas mentes e corações , porque o reino de Deus é chegado” (Mt. 4:17). É importante também salientar que alguns estudiosos utilizam a palavra conversão referindo-se ao mesmo sentido.

III – Como o arrependimento é produzido

1 – Pela graça de Deus





O Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi entregue, disse que ele era a videira verdadeira e nós os ramos. Sem ele nada poderíamos fazer (Jo. 15:5). Arrependimento é fruto da operação do Espírito Santo em nossos corações (Jo. 16:8-11), logo é uma graça dada pelo próprio Deus, assim como aprendemos na carta de Paulo aos Efésios (Ef. 2:8-9).
Esta bênção, já anunciada no Antigo Testamento (Jr. 31:18; Ez. 11:19; 36:26; Zc. 12:10) vemos de maneira bem clara sendo cumprida no Novo Testamento (At. 5:31; 11:18; 2 Co. 7:10; 2 Tm. 2:25). Pelo fato desta graça ser uma bênção destinada exclusivamente aos eleitos de Deus (Jo. 6:44; 10:1-4, 14-16) é que ela não pode ser falsificada. Por isso a ênfase em que Deus é que conduz e concede o arrependimento e que ele conhece aqueles que lhe pertencem (2 Tm. 2:19). Um excelente exemplo da graça de Deus e que contrasta com aqueles que abandonam a fé é o ladrão da cruz, que evidenciou arrependimento em seu momento final.

2 – Através da pregação

Está escrito na Bíblia Sagrada que “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17). Porém, qual o genuíno conteúdo da pregação do evangelho, ou seja, qual a mensagem que deve estar presente na pregação do evangelho?
Um bom indicador é observarmos a forma como Jesus pregava. Lemos que Jesus partiu para a Galiléia, “pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc. 1:14-15). Mesmo após a sua ressurreição, quando ele expunha as Escrituras aos seus apóstolos ele enfatiza que um dos pontos centrais de toda a profecia era “que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc. 24:47). Esta ordem, levada a cabo pelos apóstolos, nos faz perceber como realmente ela direcionou o ministério apostólico. Paulo enfatiza de uma maneira bem clara como a chamada ao arrependimento era central na sua pregação (At. 20:20-21). Porém, a pergunta que podemos fazer é: porque a pregação é o meio pelo qual o arrependimento é produzido?

2.1 – A pregação expõe o homem à lei de Deus – Um dos objetivos da pregação do evangelho é expor o homem diante da lei de Deus e assim convencê-lo do seu pecado e da sua miséria espiritual (Rm. 3:20; 7:7). Somente diante do padrão moral estabelecido pelo próprio Deus, que é a sua lei, poderemos fazer uma autoavaliação e percebermos o quão distantes estamos dele e consequentemente, debaixo da sua ira e condenação (Rm. 1:18).

2.2 – A pregação expõe o homem à santidade de Deus – Outro objetivo da pregação, além de nos expor à lei de Deus e assim convencer-nos da nossa miséria espiritual, é também confrontar-nos com a santidade de Deus. A nossa convicção de pecado será proporcional a nossa convicção da santidade de Deus. Somente contemplando o ser de Deus é que faremos uma avaliação mais precisa a respeito da nossa própria situação. Percebemos esta verdade exposta em diversos exemplos da Bíblia: o povo de Israel na planície do Sinai (Ex. 20:18-21); Moisés (Ex. 33:17-23; 34:4-8); Manoá, pai de Sansão (Jz. 13:21-22); Jó (Jó:42:5-6); Isaías (Is. 6:5); Ezequiel (Ez. 1:26-28); Daniel (Dn. 8:26-27; 10:8-9); os discípulos diante da transfiguração de Jesus (Mt. 17:5-7); Pedro (Lc. 5:8); Saulo (At. 9:3-6) e João (Ap. 1:17-18). Diante destes exemplos, vemos que a maior necessidade que temos é o conhecimento de Deus (Os. 4:6 6:3 e 6), pois só através deste conhecimento teremos vida eterna (Jo. 17:3) e verdadeiramente conheceremos quem de fato somos nós, o que produzirá em nós a convicção de pecado e a necessidade de arrependimento.


Continua no próximo post... 

Obs: Irmãos, estou sem o nome do site de onde procede este texto, assim que o tiver estarei passando os créditos.


Rev. Sérgio Ribeiro Santos - Arrependimento para Vida - Parte 2

Arrependimento para Vida-Parte 2

por
Rev. Sérgio Ribeiro Santos



3 – Quando o regenerado manifesta...




3.1 – Tristeza pelos seus pecados – O arrependimento não é remorso e não pode ser medido pela quantidade de lágrimas derramadas. Porém, temos evidências mais do que suficientes, de que o arrependimento produz em nós tristeza por causa dos nossos pecados. Sentimo-nos envergonhados diante de Deus e repudiamos a nossa própria maneira pecaminosa de agir (Sl. 51:4, 5 e 9; 119:128 e 136; Is. 30:22; Jr. 31:18-19; Ez. 18:30-31; 36:31; Jl. 2:12-13; Am. 5:15; Rm. 12:9; 2 Co. 7:10; Jd. 23).

3.2 – Frutos de arrependimento – A maior manifestação de um coração arrependido não é tanto a quantidade de suas palavras ou a sua comoção espiritual. A maior manifestação do arrependimento é o fruto que ele produz (Mt. 3:8). São os frutos que testificarão a nossa comunhão com Deus e o nosso desejo de serví-lo (2 Rs. 23:25; Sl. 119: 6, 59, 106; Lc. 1:6; At. 26:16-20). Estudaremos mais sobre este ponto quanto abordarmos o tema das boas-obras.

IV – Características do arrependimento

1 – Possuiu um aspecto intelectual






Como já mencionamos anteriormente, o arrependimento é a compreensão da nossa situação espiritual quando somos expostos diante da lei de Deus e da sua santidade. Entendemos as verdades de Deus e cremos nas suas promessas de perdão e restauração. Pela ação do Espírito Santo, o evangelho passa a fazer sentido para nós e então compreendemos o plano de Deus para a nossa salvação. O arrependimento não é apenas uma mera comoção espiritual ou emocional.

2 – Possui um aspecto emocional

Contudo, mesmo possuindo um ingrediente racional, o arrependimento toca o homem por inteiro. Ele se entristece por causa do seu pecado, sente vergonha de si mesmo e humilha-se diante de Deus. Por isso, dizemos que o arrependimento possui também um aspecto emocional.

3 – É uma evidência e não a base da salvação

É muito importante que observemos aqui que não é o nosso arrependimento que é a causa e a base da nossa salvação. Ele é uma evidência e uma exigência para a nossa salvação (Lc. 13:3 e 5; At. 17:30-31). Porém, esta é um ato da livre graça e amor de Deus (Ez. 16:61-63; 36:31-32; Os. 14:2 e 4; Rm. 3:24; Ef. 1:7). Nada há que façamos que nos torne merecedores da salvação, nem mesmo o nosso arrependimento.

4 – Deve continuar durante toda a vida

Não existe um pecado tão pequeno que não mereça condenação (Mt. 12:36; Rm. 5:12; 6:23; Tg. 2:10), porém, não há um pecado tão grande que traga condenação sobre aqueles que verdadeiramente se arrependem (Is. 1:18; 55:7; Rm. 8:1). Desta verdade, aprendemos que não há sequer um pecado do qual não devamos nos entristecer e não confessá-los um a um (Sl.19:13; Lc. 19:8; 1 Tm. 1 :13 e 15) ao Senhor. Porém, temos a segurança de que em todos os momentos, podemos humildemente buscar ao Senhor, descansando na sua graça, perdão e amor obtidos através da mediação e sacrifício de Cristo (Sl. 32:5-6; 51: 4, 5, 7, 9, 10; Pv. 28:13; 1 Jo. 1:9-2:2).

Da mesma forma, se pecarmos contra o nosso irmão ou contra a igreja de Cristo, devemos estar prontos para pessoalmente ou publicamente pedirmos perdão e confessarmos o nosso pecado (Tg. 5:16). Caso sejamos procurados por um irmão que peça o nosso perdão, devemos perdoá-lo, assim com fomos perdoados (Mq. 7:18-19; Mt. 6:12; Lc. 17:3-4; 2 Co. 2:7-8; Gl. 6:1-2), esquecendo-se de uma vez por todas da ofensa.

Conclusão

Certa vez Jesus contou a parábola de uma pai que chamou os seus dois filhos para ajudá-lo na vinha (Mt. 21:28-32). O primeiro disse que iria mas não foi. O segundo disse que não iria mas foi. O segundo demonstrou o verdadeiro arrependimento. Que a cada dia o Senhor conceda ao nosso coração a sensibilidade para nos entristecermos por causa do nosso pecado e humildade para buscá-lo. E àqueles que ainda estão longe, a nossa oração é que a bondade de Deus os conduza ao arrependimento.



Fim

Obs: Irmãos, estou sem o nome do site de onde procede este texto, assim que o tiver estarei passando os créditos.